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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Comentário de I Pedro 1:4 [2ª parte]

Por Rouver Júnior

INTRODUÇÃO

A postagem anterior teve como referência o versículo 4 de I Pedro, havendo se detido, contudo, apenas na questão da herança que nos foi dada. No presente artigo, dar-se-á continuação ao comentário, analisando as outras partes do versículo.


TEXTO DE BASE

"Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós," [1Pe 1:4]


COMENTÁRIO

Recebemos de Deus a "viva esperança", que é a "herança" de Deus para nós, através da "ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos". Esta maravilhosa herança é "incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar".

Incorruptível - A corrupção é o ato de tornar algo pior através de um agente destruidor.

Algo que é perfeito e bom, se se corrompe, se torna imperfeito e mau. A ferrugem corrompe o ferro. Uma coisa corrompida é aquela que sofreu influência degenerativa de alguém ou algo, cujo resultado foi fazê-la pior. Mas a nossa herança é incorruptível; é perfeita e continua perfeita; é boa e continua boa; não sofre influência degenerativa; ela não piora em hipótese alguma.

O dinheiro guardado por muito tempo pode corromper-se fisicamente e perdendo seu valor, mas nossa salvação é sempre a mesma, extremamente valorosa, desde a eternidade preparada para nós, porque o Cordeiro de Deus já estava predestinado para a cruz. [vide 1Pe 1:18-21]

Ora, Deus sabe de tudo e elegeu-nos para a salvação desde antes da fundação do mundo. Deus já sabia que o ser humano iria pecar e também que para remir o pecado era necessário derramamento de sangue inocente. Por conseqüência, Deus já sabia, desde sempre, da necessidade de Cristo vir ao mundo e derramar Seu sangue. Logo, Cristo já estava determinado para vir à terra, morrer por nós e ressuscitar, porque sem isso não poderíamos receber a salvação e, portanto, não seríamos eleitos. Mas Deus nos elegeu, pela sua "grande misericórdia".

De forma mais simples, Deus sempre soube de tudo, inclusive que Cristo morreria na cruz, porque, se Deus não soubesse disso, não saberia de tudo. Mas Deus sabe de tudo.

Incontaminável - Contaminar é a ação de fazer algo sujo e maléfico misturar-se a algo puro e benigno, tornando este inútil.

Uma pessoa contaminada por uma doença, anteriormente à contaminação, estava bem quanto ao estado tocado pela enfermidade, mas depois ficou mal. A contaminação é uma mistura daquilo que é mau àquilo que é bom, sendo este contaminado por aquele e, assim, deixando de ser bom. O que é mau não pode ser contaminado, pois já tem em si a própria contaminação, mas o homem mau pode ser transformado por Deus em um homem bom, pelo ato de lavá-lo no sangue de Cristo, pela graça, pela fé.

A nossa herança é incontaminável. Não há nada mau com poder para misturar-se a ela a fim de torná-la inútil. Ela não se mistura ao mal.

"Que se não pode murchar" - Murchar é perder as características vigorosas do perfeito estado, passando a tê-las em péssima condição.

Aquilo que murcha perde a vida. Uma bela flor que murcha deixa de ser bela e perde o viço de antes, e isso até a morte. Uma planta, mesmo sem beleza, quando murchar perde as vigorosas características suas, tornando-se frágil e degenerada. O próprio corpo humano murcha com o passar do tempo, perdendo as suas vigorosas características: boa audição, visão, agilidade, força, etc.

Murchar é morrer, é perder as características de vida. Contudo, a nossa herança não pode murchar. Ela não perde suas maravilhosas características com o passar do tempo. Desde o tempo de 2000 anos atrás nossa herança já estava estabelecida; desde 4000 anos, já estava estabelecida; desde antes da criação, na eternidade, quando não havia nem tempo nem espaço, nossa salvação, nossa herança já estava estabelecida. Ela não se corrompe, nem se contamina, nem murcha. Em resumo, ela não muda, porque está "guardada nos céus" para todo o eleito de Deus para a salvação.

A nossa herança está guardada nos céus para nós e o Soberano Senhor dos céus é Deus, que não pode ser enganado. Ele é quem permite a entrada e a saída do céu. Entraremos no céu por sua vontade, os anjos, como Gabriel, saem do céu quando ordenados, segundo a vontade de Deus, e retornam segundo à vontade do Senhor, etc. E Deus sabe de tudo e tem todo o poder. Ninguém é mais poderoso que Deus, nem ao menos comparável. Ninguém se compara a Deus.

Ainda que o próprio satanás entrou perante Deus, como relata o Livro de , o Senhor dos céus e da terra, Soberano sobre toda a criação, não pode ser enganado. Assim, sendo Deus quem guarda nossa herança, ninguém pode roubá-la, ninguém a torna corrompida, contaminada ou murcha.

Aqui cabe um raciocínio simples. Deus guarda a salvação dos eleitos imutável. Assim, pode o eleito perder a salvação, não recebendo-a? É claro que a única saída é recebê-la, porque Deus não guardaria a salvação de alguém que não fosse ser salvo, seria guardar inutilmente, o que não tem sentido nem condiz com o caráter de Deus. Aliás a salvação do que não se salva não pode existir, porque, se ele vai para o inferno, não houve salvação para ele.

Portanto, se Deus guarda a herança dos eleitos, então, inevitavelmente, de um jeito ou de outro, eles vão recebê-la. O que não quer dizer que o eleito não perseverará no caminho da verdade até o fim. Deus lhe dará força.

Nós, os eleitos, podemos dizer com toda a convicção que nada nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. [vide Rm 8:31-39] Os eleitos serão levados, pela graça de Deus, pela santificação do Espírito Santo, a sempre obedecer a Deus e, ainda que haja algum deslize, tudo terminará bem, porque é Deus quem guarda a herança, que inevitavelmente receberemos.

Vale, por fim, lembrar de dois trechos da Epístola por ora comentada: os versículos 2 e 3 . Naquele, é dito que os destinatários da Carta são "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo:" e neste, dentre outras coisas, que fomos gerados segundo a "grande misericórdia" de Deus Pai. Estes significados demonstram que Deus nos elegeu para obedecê-Lo e para sermos purificados no sangue de Jesus, sendo santificados pelo Espírito Santo, e, ainda, não foi segundo as nossas obras que Deus nos escolheu, mas "segundo a sua grande misericórdia".

sábado, 22 de novembro de 2008

Comentário de I Pedro 1:4

Por Rouver Júnior

INTRODUÇÃO

Este comentário objetiva a continuação da exposição bíblica da Epístola de I Pedro.


TEXTO DE BASE

"Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós," [1Pe 1:4]


COMENTÁRIO

No terceiro versículo do capítulo primeiro [1:3], Pedro bendiz a Deus Pai por ter gerado tanto a Pedro quanto aos destinatários da Carta, conforme o grande sentimento de dor nascido no coração de Deus por ver a miserável situação na qual se encontravam.

No quarto versículo [1:4], o autor inspirado por Deus continua o período textual mostrando uma visão diferente da "viva esperança" mencionada no versículo anterior. Neste, a "viva esperança" é apresentada como uma "herança". E o que isso significa?

Para haver herança é necessária a existência de um dono da herança, isto é, um possuidor de bens, e é igualmente preciso que haja alguém para receber tais bens, ou seja, os herdeiros. O recebimento da herança, por sua vez, implica inevitavelmente a morte do dono, porque somente assim os herdeiros podem tomar posse da herança.

A herança recebida remete à morte.

Nós, os servos de Deus, somos herdeiros. Podemos afirmar isso tão somente se olharmos para o fato de que a "herança" está "guardada nos céus". Se a "herança" está guardada nos céus para nós, logo, somos herdeiros. Mas, se herança remete à morte do dono, quem morreu para que fôssemos feitos herdeiros e o que nos deixou?

Era pois necessário que Aquele que ressuscitou de entre os mortos estivesse anteriormente contado entre os mortos. Para que ressuscitasse era preciso morrer. Não há ressurreição sem a morte anterior, mas a ressurreição é o triunfo sobre a morte. Ele ressuscitou.

Jesus Cristo, na santa ceia, disse algo de extrema importância quanto ao assunto Herança. O dono da herança, pressentindo a morte, escreve o seu testamento estabelecendo os herdeiros que, em casos naturais, são primordialmente os filhos e demais parentes. Se somos filhos de Deus somos herdeiros. Mas o que Cristo disse na santa ceia? Lucas nos relata:

"E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente tomou o cálix, depois da ceia, dizendo: Este cálix é o Novo Testamento do meu sangue que é derramado por vós." [Lc 22:19,20]

Cristo, já sabendo de sua morte, de como aconteceria, e já a tendo comunicado aos discípulos, reúne-se com os doze para celebrar a santa ceia. Este acontecimento é semelhante ao ato de o dono da herança comunicar o que será dado dela para cada um, porque Cristo Jesus partiu o pão, isto é, a sua carne, e deu uma parte para cada um. Tal ato se assemelha também ao anúncio da maneira pela qual o Testamento seria escrito, porque Cristo disse que o cálix, isto é, seu sangue, é o Novo Testamento. [vide Mc 14:24]

Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados.

Em analogia, Cristo não usou papel e tinta para redigir o seu Testamento, mas o escreveu em sua própria carne e com o seu próprio sangue. Cada ferida, cada chaga no corpo de Cristo era uma inscrição da herança que nos foi dada; cada linha de sangue escorrida pelo corpo de Cristo era como o traçado de duas palavras para nós: Perdão e Graça.

O Seu corpo foi o livro, o Seu sangue a tinta. O pão é o corpo de Cristo, que foi distribuído aos discípulos. Cada qual com a página da herança que lhe cabia; página escrita com sangue.

Portanto, pela morte de Jesus Cristo, pelo Seu sangue, pela Sua carne rasgada, fomos feitos herdeiros de Deus, tendo por herança a "viva esperança", que é a nossa salvação, cuja plenitude receberemos um dia, quando virmos a Deus face à face. Mas a "herança" já nos foi dada em parte, pois fomos gerados de novo pela ressurreição de Cristo.

Algo importante de ser notado é a ressurreição de Cristo Jesus. Se alguém escreve seu testamento e a sua morte é declarada, mesmo precipitadamente, a herança já pode e é repartida a cada herdeiro. Constatando-se, porém, que o indivíduo não morreu de fato, mas está vivo, ele pode reclamar novamente os seus bens, tomando dos herdeiros a herança, porquanto não morreu. Mas Cristo morreu verdadeiramente, o que nos outorga a herança, entretanto, ressuscitou, sendo então cabível que nos tomasse a herança. Mas Jesus Cristo não fez isso. Ele se fez co-herdeiro conosco, mantendo a nossa parte na herança e herdando do Pai todas as coisas, de modo que Cristo é tudo em todos: o sumo sacerdote e o sacrifício, o dono da herança e o herdeiro de todas as coisas, o réu inocente, tido como culpado, o advogado que intercede a Deus por nós e o Justo Juiz que julgará a humanidade, o Soberano Senhor e o Servo Fiel, etc. Por Cristo Jesus recebemos a herança que há de completar-se na eternidade.

continua

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