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sábado, 30 de agosto de 2008

Comentário de Romanos 12:1

Por Rouver Júnior

INTRODUÇÃO

Conhecer de contínuo a palavra de Deus é obrigação de todo discípulo de Cristo, além de ser uma atividade dinâmica imensuravelmente prazerosa e produtiva, de modo que todas as pessoas deveriam procurar conhecer e prosseguir no conhecimento do Senhor. A maior parte dos homens está presa em cadeias de pecado, caminhando a passos largos para o inferno, confusa, simplesmente por não conhecer a Deus. "[...] Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" [Mat 22:29]. Deste modo, um meio de suma eficácia para o conhecimento do Senhor é a exposição de sua palavra. É isso, portanto, que farei neste artigo e em posteriores, segundo a graça de Deus.

Pensava, a princípio, em expor os versículos 1 e 2 do capítulo 12 da Epístola Aos Romanos, mas como a palavra de Deus é riquíssima em significação limitei-me a comentar apenas o primeiro. Pretendo, em postagens posteriores, expor o segundo versículo e ainda em outra expor o terceiro, e fazer em uma quarta postagem um fechamento sobre os três versículos. Estas coisas serão feitas se Deus me conceder assim.


EXPOSIÇÃO

TEXTO DE BASE

"Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." [Rm 12:1]


BREVE COMENTÁRIO

Paulo pede com instância aos cristãos residentes em Roma, tendo no peito um sentimento de pesar, que eles não façam como os demais romanos faziam, pois que estes se entregavam a muitos tipos de perversidades e imundícias; mas deviam os cristãos em Roma apresentar um culto racional a Deus.


COMENTÁRIO

Rogar significa pedir com instância alguma coisa a alguém, querendo encarecidamente recebê-la. Rogar é mais que pedir. Rogar é uma súplica. O apóstolo de Cristo, assim, está pedindo com fervor de sentimento alguma coisa aos cristãos da igreja em Roma.[1] O que ele pede? E como pede? Ele roga aos cristãos em Roma "pela compaixão de Deus". A compaixão é um sentimento de pesar, sentido por alguém mediante a contemplação do sofrimento do outro. A compaixão é de Deus, o que significa que Deus estava olhando para a igreja em Roma com um sentimento pesaroso, porque via o mal da igreja ali situada. Não que ela estivesse em pecado, mas o contexto social no qual estava inserida era perverso.

A Epístola foi escrita entre 57 e 59 d.C.[2], em um período de crescimento do alto império romano. Conforme crescia o império, cresciam as riquezas e os opulentos romanos se entregavam de mais a mais à promiscuidade. Na cultura romana, havia instituído o culto ao deus grego Dionísio, transnominado para Baco, o deus do vinho. Orgias desenfreadas, embriaguez, prostituição, adultério, homossexualismo e outras práticas pecaminosas eram deliberadamente executadas nos cultos a Baco. Os romanos apresentavam seus corpos em sacrifício a esse deus pagão, se entregando completamente à carnalidade. Deus via o perigo que corria a igreja em Roma e teve compaixão, a compaixão de Deus estava enraizada no coração de Paulo, que também via o risco corrido. Pela compaixão de Deus, o servo do Senhor suplica amorosamente aos crentes que se abstivessem dessas práticas. O sacrifício dos romanos a Baco era morto porque estava debaixo do pecado, e o pecado opera a morte, assim, Paulo insta aos servos de Deus em Roma a apresentarem seus corpos em sacrifício vivo, isto é, que não está sob pecado, santo, totalmente separado da impiedade dos romanos e de todos os demais pecados, e agradável a Deus, porque Deus, sendo puro, se agrada de coisas puras. Fazendo assim, os cristãos em Roma estariam apresentando um culto racional ao Senhor Todo-Poderoso.

A razão é o aspecto mais óbvio de diferenciação entre um homem e um animal; não obstante, os participantes dos cultos a Baco, por causa da grande promiscuidade e da entrega total às paixões, assemelhavam-se mais a animais que a seres pensantes. Dominados pela carnalidade e pelo instinto, eram como seres irracionais, sendo todo o seu culto também irracional. Entretanto, os crentes são exortados a apresentarem um culto racional a Deus, configurado pela apresentação de seus corpos, livres da carnalidade e do pecado, "em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus".

O servo de Deus não pode cultuar a Deus em pecado, não pode estar misturado e contaminado com a prostituição, o adultério, o homossexualismo e todos os outros tipos de pecado. Deus é puro e quer ser adorado por adoradores puros. O pecado aborrece a Deus e todo aquele que se dispõe a adorar ao Senhor, mas permanece no pecado, desagrada-Lhe.

Interessante notar que o sacrifício do servo de Deus é vivo. A morte é filha do pecado, porque a morte entrou no mundo pelo pecado de um homem (Adão), de maneira que todos foram feitos pecadores e subjugados à morte por causa do erro desse homem. Mas a justiça de Deus se manifestou em Cristo Jesus, nosso Salvador, o qual trouxe ao mundo a ressurreição e a vida. Assim por um homem entrou no mundo o pecado e a morte, e por outro, por Cristo, a ressurreição e a vida, sendo este, na vida na terra, totalmente homem e totalmente Deus, e havendo hoje a possibilidade de todo o homem ser salvo, bastando somente a fé em Cristo, e o perseverar no caminho da verdade. [Rm 2:6-11; 3:21-26; 5:1-11 ; 8:1; Tg 2:14-26; Ef 2:8-10]

Um culto vivo só é possível se o adorador adora a Deus e está em Cristo, porque é Cristo quem opera em nós a vida. Cristo se ofereceu em sacrifício para salvação da humanidade. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Jesus teve de morrer porque levou sobre si os nossos pecados, e pecado produz morte, mas nós que vivemos em Cristo não precisamos mais morrer, porque "[...] o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" [Is 53 5]. Hoje não temos pecados sobre nós. Digo isso de nós que fomos feitos filhos de Deus. Assim, nosso sacrifício deve ser vivo, sem morte. Não precisamos mais de morrer, Cristo morreu por nós. E nós que estávamos mortos no pecado, quando Cristo ressuscitou, fomos ressuscitados com Ele para a vida eterna. Tendo nos despojado do velho homem, porque ele já está morto, e nós, sendo novos e nascidos de novo, gerados de Deus, estamos vivos em Cristo. As coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo.

"Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo" [I Aos Coríntios 15:57]


CONCLUSÃO

Tendo a consciência da importância da pureza diante de Deus e sabendo que lhe é agradável um culto racional, escutemos sempre a súplica encarecida e amorosa de Paulo, que, inspirado por Deus, nos exorta a apresentarmos os nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, sendo sempre separados e rejeitando toda a corrupção e imundícia deste mundo, para que não nos coloquemos novamente debaixo do pecado, tornando, assim, a operar em nós a morte. Vivamos debaixo da graça de Deus, manifestada por Cristo, e rejeitemos o pecado que está à nossa volta. Não tornemos a trás.


NOTAS

[1] Sabemos, neste versículo, que se trata de cristãos, porque Paulo chama-os de "irmãos". Ora, só se é irmão se se tem um pai e uma mãe em comum com outra pessoa. Espiritualmente, só são irmãos os que aceitaram a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, recebendo, deste modo, a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo, o novo nascimento e a filiação de Deus. Paulo era filho de Deus e só poderia chamar outros de "irmãos" se eles também fossem filhos de Deus, porque aquele que não nasceu de novo é apenas criatura e não filho.
[2] Quanto a data de escrita da Epístola Aos Romanos, McNair diz: "Esta epístola foi escrita por Paulo para os cristãos em Roma no mês de fevereiro de 58 d.C., em Corinto, na casa de um abastado crente chamado Gaio (16.33)", enquanto O Novo Dicionário da Bíblia nos traz: "A Epístola, por conseguinte, pode ser datada com relativa exatidão, embora os problemas da cronologia (q.v.) do Novo Testamento em geral e da cronologia paulina em particular, (sic) proibam qualquer possibilidade de datar a Epístola de modo definitivo. Uma data entre 57 e 59 D.C. parece encaixar-se bem dentro dos informes conhecidos."
P.S. "Rogo-vos pois, irmãos [...]". É importante notar o "pois", porque é um termo de conclusão, ligando, desta maneira, o rogo do capítulo 12 ao que foi dito anteriormente na Epístola.


LIVROS UTILIZADOS

Vincentino
, Cláudio; Dorigo, Gianpaolo. História para ensino médio: história geral e do Brasil: volume único. São Paulo: Scipione, 2001 - Série Parâmetros

O novo dicionário da Bíblia, vol.II. Edições Vida Nova.

McNair
, S.E. A Bíblia explicada, 4ª edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1983

Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa, 11ª edição. Direitos autorais reservados à Editora Civilização Brasileira S.A., Rio de Janeiro

Bíblia ARC na grafia simplificada, 1990. (a 71ª impressão traz uma acentuação, ou ausência de acentuação em certas palavras, que não foi seguida)

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