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sábado, 22 de novembro de 2008

Comentário de I Pedro 1:4

Por Rouver Júnior

INTRODUÇÃO

Este comentário objetiva a continuação da exposição bíblica da Epístola de I Pedro.


TEXTO DE BASE

"Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós," [1Pe 1:4]


COMENTÁRIO

No terceiro versículo do capítulo primeiro [1:3], Pedro bendiz a Deus Pai por ter gerado tanto a Pedro quanto aos destinatários da Carta, conforme o grande sentimento de dor nascido no coração de Deus por ver a miserável situação na qual se encontravam.

No quarto versículo [1:4], o autor inspirado por Deus continua o período textual mostrando uma visão diferente da "viva esperança" mencionada no versículo anterior. Neste, a "viva esperança" é apresentada como uma "herança". E o que isso significa?

Para haver herança é necessária a existência de um dono da herança, isto é, um possuidor de bens, e é igualmente preciso que haja alguém para receber tais bens, ou seja, os herdeiros. O recebimento da herança, por sua vez, implica inevitavelmente a morte do dono, porque somente assim os herdeiros podem tomar posse da herança.

A herança recebida remete à morte.

Nós, os servos de Deus, somos herdeiros. Podemos afirmar isso tão somente se olharmos para o fato de que a "herança" está "guardada nos céus". Se a "herança" está guardada nos céus para nós, logo, somos herdeiros. Mas, se herança remete à morte do dono, quem morreu para que fôssemos feitos herdeiros e o que nos deixou?

Era pois necessário que Aquele que ressuscitou de entre os mortos estivesse anteriormente contado entre os mortos. Para que ressuscitasse era preciso morrer. Não há ressurreição sem a morte anterior, mas a ressurreição é o triunfo sobre a morte. Ele ressuscitou.

Jesus Cristo, na santa ceia, disse algo de extrema importância quanto ao assunto Herança. O dono da herança, pressentindo a morte, escreve o seu testamento estabelecendo os herdeiros que, em casos naturais, são primordialmente os filhos e demais parentes. Se somos filhos de Deus somos herdeiros. Mas o que Cristo disse na santa ceia? Lucas nos relata:

"E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente tomou o cálix, depois da ceia, dizendo: Este cálix é o Novo Testamento do meu sangue que é derramado por vós." [Lc 22:19,20]

Cristo, já sabendo de sua morte, de como aconteceria, e já a tendo comunicado aos discípulos, reúne-se com os doze para celebrar a santa ceia. Este acontecimento é semelhante ao ato de o dono da herança comunicar o que será dado dela para cada um, porque Cristo Jesus partiu o pão, isto é, a sua carne, e deu uma parte para cada um. Tal ato se assemelha também ao anúncio da maneira pela qual o Testamento seria escrito, porque Cristo disse que o cálix, isto é, seu sangue, é o Novo Testamento. [vide Mc 14:24]

Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados.

Em analogia, Cristo não usou papel e tinta para redigir o seu Testamento, mas o escreveu em sua própria carne e com o seu próprio sangue. Cada ferida, cada chaga no corpo de Cristo era uma inscrição da herança que nos foi dada; cada linha de sangue escorrida pelo corpo de Cristo era como o traçado de duas palavras para nós: Perdão e Graça.

O Seu corpo foi o livro, o Seu sangue a tinta. O pão é o corpo de Cristo, que foi distribuído aos discípulos. Cada qual com a página da herança que lhe cabia; página escrita com sangue.

Portanto, pela morte de Jesus Cristo, pelo Seu sangue, pela Sua carne rasgada, fomos feitos herdeiros de Deus, tendo por herança a "viva esperança", que é a nossa salvação, cuja plenitude receberemos um dia, quando virmos a Deus face à face. Mas a "herança" já nos foi dada em parte, pois fomos gerados de novo pela ressurreição de Cristo.

Algo importante de ser notado é a ressurreição de Cristo Jesus. Se alguém escreve seu testamento e a sua morte é declarada, mesmo precipitadamente, a herança já pode e é repartida a cada herdeiro. Constatando-se, porém, que o indivíduo não morreu de fato, mas está vivo, ele pode reclamar novamente os seus bens, tomando dos herdeiros a herança, porquanto não morreu. Mas Cristo morreu verdadeiramente, o que nos outorga a herança, entretanto, ressuscitou, sendo então cabível que nos tomasse a herança. Mas Jesus Cristo não fez isso. Ele se fez co-herdeiro conosco, mantendo a nossa parte na herança e herdando do Pai todas as coisas, de modo que Cristo é tudo em todos: o sumo sacerdote e o sacrifício, o dono da herança e o herdeiro de todas as coisas, o réu inocente, tido como culpado, o advogado que intercede a Deus por nós e o Justo Juiz que julgará a humanidade, o Soberano Senhor e o Servo Fiel, etc. Por Cristo Jesus recebemos a herança que há de completar-se na eternidade.

continua

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