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domingo, 7 de setembro de 2008

Comentário de Romanos 12:2

Por Rouver Júnior

INTRODUÇÃO

Em continuação à última postagem, farei a exposição de Rm 12:2. Por correção de um engano, no comentário anterior eu disse: "Pretendo [...] expor o segundo versículo e ainda em outra expor o terceiro, e fazer em uma quarta postagem um fechamento sobre os três versículos", mas eu me enganei. Comentarei o segundo versículo e farei o fechamento, sem o comentário do terceiro, se assim Deus permitir.

BREVE RECAPITULAÇÃO

Paulo, pela compaixão de Deus para com os cristãos em Roma, exorta-os a apresentarem seus corpos, não como os pagãos a Baco, mas em sacrifício a Deus; sacrifício vivo, isto é, não sob pecado, santo, totalmente separado e incontaminado pela iniquidade, e agradável a Deus, pois Ele se agrada de coisas puras.

ESCLARECIMENTO

Apresentar o corpo a Deus como sacrifício não é, definitivamente, promover exibições corpóreas no santuário, mas louvar, orar, fazer a obra de Deus e agir sem pecado, porque quando praticamos tais coisas estamos, espiritualmente, adentrando o lugar santíssimo onde Deus está. Então nós nos apresentamos, sem mácula, como as ovelhas sem defeito.


EXPOSIÇÃO

TEXTO DE BASE

"E não vos conformei com este mundo, mas transformais-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, perfeita vontade de Deus." [Rm 12:2]

COMENTÁRIO

"E não vos conformeis com este mundo" - Nesta primeira sentença a atenção recai principalmente sobre dois termos: "conformeis" e "mundo".

Conformar-se é a ação de, sentindo-se já confortável e acostumado com a situação presente, não desejar uma melhoria, não obstante a consciência da existência de algo melhor. O conformismo é marcado pela apatia e, em consequência, pela falta de atitude perante o quadro vivido. Paulo, exortando os cristão em Roma, exorta-nos a não nos conformarmos com este mundo, isto é, não nos acomodarmos a ele, apaticamente, desistindo e esquecendo do mundo vindouro, cujo aspecto e situação são infinitamente melhores do que os desta terra. Clara está, portanto, a necessidade de sermos sempre inconformados e desacomodados a este mundo. Aquele que se acomoda perde a perspectiva de um futuro melhor, esquece-se, logo, da salvação, desprezando o sacrifício propiciador de Cristo na cruz por nós, rejeitando a sua ressurreição e todo o plano divino para a redenção do homem. É fato, assim, que no céu de glória, preparado por Deus para nós, entrarão somente cristãos inconformados, desacomodados a este mundo.

O outro termo é "mundo", que tem uma vasta abrangência, pois diz respeito tanto ao mundo natural quanto ao mundo de pecado.

No mundo natural, criado por Deus, há maravilhas extraordinárias, as quais exercem um profundo encanto sobre olhos do observador. Mas o cuidado está em não se deixar acomodar a tais belezas. O mar, as montanhas, as vistas aéreas, um mergulho, a natureza do fundo do mar, as flores, o entardecer, o canto dos pássaros, uma escalada, um salto de pára-quedas, um voo, etc. Todas essas coisas são de uma elevada beleza, mas não podemos nos acomodar, porque, se o mar é belo, no céu há mar de cristal, se a luz do sol é aprazível, a luz de Deus é muito mais, se o canto dos pássaros alegram, o canto dos santos no céu, louvando a Deus, será muito mais belo e comovente, fará exultar na presença do Senhor, de maneira que este belo mundo natural no qual vivemos não é sombra do vindouro, não se pode tê-los por iguais.

Há também o mundo de pecado, no qual se praticam toda a sorte de promiscuidade, iniquidade, transgressão, perversidade, das quais coisas devem os cristãos viver distantes.

O crente acomodado ao mundo de pecado aceita facilmente as coisas contrárias à palavra de Deus como se fossem de boa aceitação. No céu não entra pecado. Nem adúlteros, nem homicidas, nem mentirosos, nem fornicários, nem homossexuais, nem os devassos, nem os que se prostituem, nem os soberbos, nem os orgulhosos, nem ainda todos os praticantes de coisas tais como estas entrarão no reino dos céus. Indiferente, o acomodado, tendo já perdido a esperança, aceita sem grande resistência o infiltrar-se da perversidade no seio da igreja. O conformado acostuma-se às práticas mundanas e começa a aceitá-las como normais, dizendo: "que importa? Se os homossexuais vivem bem...", e mais: "que há de estranho que os poderosos roubem todo o nosso dinheiro, adquirido com o nosso suor? Eu mesmo, se pudesse, faria o mesmo; o ser humano é mau mesmo" e várias outras afirmações que o próprio leitor pode deduzir.

Como Roma estava crescendo e consigo avultava-se a iniquidade, urgia aos cristãos de lá o não acomodarem-se a tais coisas, tanto quanto à natureza desta terra, que poderia ser vista na própria Roma, como nos territórios conquistados pelo império. Todos os novos conhecimentos, novos povos, novas culturas, poderiam saltar aos olhos, mas "não vos conformeis".

"mas transformais-vos pela renovação do vosso entendimento" - No mundo espiritual, ao qual refere-se Paulo agora, há tipos de transformação: o novo nascimento e o aperfeiçoamento. Como Paulo falava a cristãos, vê-se claramente que o "transformai-vos" refere-se ao aperfeiçoamento. Portanto, não se conformando a este mundo, pois há um infinitamente superior que nos espera, os cristãos em Roma deviam aperfeiçoar-se. E como? Pela renovação do entendimento.

Renovar é tornar outra vez novo e entendimento é a faculdade da alma de perceber as coisas como são e também o conjunto de coisas aprendidas que uma pessoa tem.

Renovar o entendimento é tornar outra vez nova a capacidade de perceber e sentir as coisas intelectuais.

Quando o cristão aprende algo da palavra de Deus, percebe uma coisa nova, a qual sente ardentemente no coração; mas, se não houver o constante renovo, alcançado pela oração, jejum, leitura da palavra de Deus, etc., o entendimento, isto é, a percepção das coisas formadoras do que foi aprendido vai envelhecendo-se, não conseguindo nem enxergar nem mais sentir corretamente o que outrora fez saltar aos olhos e bater forte o coração.

Ter o entendimento envelhecido acerca da palavra de Deus é conhecer o que a letra diz, mas não conseguir nem perceber a sua profundidade e sua importância, nem sentir o entusiasmo e a alegria de ouvir e conhecer a palavra de Deus. Crentes velhos sufocam o entusiasmo, mas crentes novos, ainda que tenham 150 anos, transmitem ânimo e júbilo pelo conhecimento de Deus, enxergando com nitidez a palavra.

Apresentar um culto racional a Deus, não se conformar com este mundo, transformar-se, aperfeiçoando-se, pela renovação do entendimento e ter o entendimento sempre novo são as condições para que o cristão experimente, prove, passe a ter em sua vida, a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Diz-se "boa, agradável, perfeita vontade de Deus", não porque Deus tenha vontade má, desagradável e imperfeita, mas para evidenciar que os cristãos dedicados provarão maravilhas em sua vida, enquanto o ímpio receberá em si mesmo coisas más, desagradáveis e imperfeitas, não da parte de Deus, mas da parte do pecado que o próprio ímpio pratica.

CONCLUSÃO

O cristão que cumpre as condições estabelecidas e explicitadas em Rm 12:1-2 tem a vontade maravilhosa de Deus cumprindo-se em sua vida e vive sempre e em todo o momento em novidade de vida. Cristão assim não tem vida chata, apática ou afundada na mesmice, mas exulta em ter a abençoada perspectiva de futuro aqui na terra e sente um gozo imenso na alma em consequência da ciência do mundo que o aguarda, o qual são os céus.


LIVROS E SITES CONSULTADOS

Bíblia Sagrada, ARC na grafia simplificada, com referências e algumas variantes. 6ª edição: Geográfica editora, Santo André - SP - Brasil. 2005

La Sainte Bible. Nouvelle edition d'après la traduction de Louis Segond. Trinitarian Bible Society, Tyndale House, Dorset Road, London, England.

O novo dicionário da Bíblia, vol.II. Edições Vida Nova.

McNair, S.E. A Bíblia explicada, 4ª edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1983

www. bibliacatolica.com.br

www.biblegateway.com

www.bibliaonline.com.br



NOTA
* interessante notar a oposição entre estes dois termos utilizados, flexionadamente, no texto de Rm 12:2: "conformar" e "transformar". Ambos remetem à idéia de forma, sendo o primeiro significante da adequação da forma de algo a um modelo e o segundo da mudança de forma. Quanto a "não vos conformeis", o crente não pode adequar a sua forma de pensamento, de ação, de vida, de ser, ao mundo. Quanto a "mas transformai-vos", o crente deve mudar a sua formar de ver, pensar, agir, ser, em um aperfeiçoamento, mudando-se pelo conhecimento de Deus. Assim posto, o crente deve mudar constantemente a sua forma, mas não para adequar-se a este mundo, e sim para melhorar-se, subindo de degrau em degrau até a estatura de varão perfeito. Logo, a vida do crente é dinâmica e deve sempre progredir rumo a um estado mais próximo à perfeição. Deve haver movimento, nunca estagnação.

3 comentários:

Sarise Kamanda 17 de agosto de 2011 às 01:07  

[amen] Muito boa sua maneira de abordar e destrinchar o versículo. Continua sob a graça do Deus altíssimo, e que o Espírito Santo possa sempre conduzir -nos ao entendimento e aprendizagem da Palavra.

CIDA MENEZES 27 de junho de 2012 às 15:52  

QUERIDO PASTOR QUE DEUS CONTINUE TE USANDO E TE DANDO MAIS E MAIS ENTEDIMENTO DE SUA PALAVRA QUE É PURA, FIEL E VERDADEIRA. QUE DEUS CONTINUE SENDO LOUVADO E EXALTADO ATRAVÉS DE TI EM NOME DE JESUS CRISTO. AMÉM

Jelcimar Jr. 29 de junho de 2012 às 22:58  

Cida, amém!

Muito obrigado pelas palavras incentivadoras. Fico contente com tua participação. Não tenho cargo de pastor, contudo.

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