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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Comentário de I Pedro 1:3

Por Rouver Júnior

TEXTO DE BASE


"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos," [1Pe 1:3]


COMENTÁRIO

Pedro bendiz ao Senhor Deus, Pai de Jesus Cristo, porque Ele, olhando um dia para o estado de extrema miséria no qual se encontrava o ser humano, obra de suas mãos, concebeu um grande sentimento de dor em seu coração e, em uma nova oportunidade, gerou-nos outra vez, fazendo uma nova criatura. A velha criatura foi uma vez gerada, mas pelo pecado envelheceu sem a graça de Deus. A nova criatura, contudo, foi gerada mediante a ressurreição de Cristo, pela graça, para uma vida sem pecado, que aguarda esperançosamente a revelação de Jesus Cristo.

Não que o primeiro homem haja sido criado para a morte, mas, por escolher o mal, pecou. A nova criatura também foi criada para a vida. Qual é pois a diferença? A graça de Cristo, revelada e operada a partir de Cristo e, retroativamente, naqueles que creram em Deus, tendo por certos a vinda, o padecimento, a morte e a ressurreição do Messias.

O versículo 3 diz que Deus "nos gerou de novo". Uma pergunta a ser feita é: "Deus nos gerou porque nós quisemos ser gerados outra vez, agora para a salvação, ou por obra apenas e unicamente de Deus, como na primeira criação?" Como Deus, no princípio, a tudo criou pela sua própria vontade e para louvor de seu nome, assim criou a nova criatura pela sua vontade. A nova geração deu-se pela "grande misericórdia de Deus". É impossível o homem ter escolhido ser gerado novamente, porque, tornado cego pelo pecado, não via a sua situação e não buscava a Deus. Auto-gerar-se é ainda mais descabido, visto o fato do homem não poder criar nada, não tendo criado, logo, a si próprio na primeira criação. Gerar o homem novamente já estava em Deus desde a eternidade.

Mas nem todo o ser humano é nova criatura, porque o seu nascimento depende da fé na ressurreição de Jesus Cristo, a qual fé é dada mediante a graça de Deus. O indivíduo ouve a palavra de Cristo e o Espírito Santo lhe faz enxergar a verdade, tendo Deus escolhido os seus eleitos antes do princípio.

É muito interessante: na primeira criação, sendo o homem inocente, não conhecendo nem o bem e nem o mal, escolheu o mal em desobediência à ordem de Deus. O segredo não está no suposto fato do homem conhecer o bem e o mal, porque, como poderia, sendo puro e totalmente bom, sem mancha e inclinado para as coisas de Deus, ter escolhido o mal? O homem não conhecia nem bem, nem mal [Gn 2:16-17, 25; Gn 3:22], mas pela sua escolha preferiu, sem conhecer, o mal. A questão está na desobediência à palavra de Deus, não no conhecimento anterior do bem e do mal. Isso nos mostra o grande valor da obediência a Deus, mesmo quando não entendemos as coisas, mesmo quando a nossa razão encontra um limite.

Depois da queda a carne humana se inclinou para o pecado e o espírito do homem para a morte, de modo a ser impossível escolher o bem, porque tudo em si era mau e buscava o mal.

A Salvação, sendo somente pela fé em Cristo, logo ficou, portanto, inalcançável a todo o esforço humano. Fez-se necessária a graça de Deus: o homem só pode tomar alguma decisão benigna se a graça de Deus nele operar. O homem caído conhece o bem e o mal, pois comeu da árvore do discernimento do bem e do mal, mas, por causa da inclinação da carne, não conseguia, mesmo que tentasse, fazer o bem. A inclinação da carne humana para o pecado veio somente depois do pecado, porque Deus não criaria um homem que, pela natureza pecaminosa, se inclinasse mais para o pecado do que para Ele.

A respeito da salvação, portanto, primeiro é o agir de Deus, depois a escolha humana. Não nós mesmos, mas Cristo nos fez cristãos. Entretanto, eis a questão: "Depois da operação primeira da graça de Deus, pode o homem escolher prosseguir no caminho da verdade ou a própria 'graça' nos faz perseverar até a morte?" Ora, somente pela graça podemos ser fiéis a Deus e a Bíblia nos ensina a perseverar até a morte.


PREDESTINAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO

Uma questão básica é: "Existe predestinação ou livre-arbítrio? Porque se nós escolhemos, é livre-arbítrio, se é só a graça e nada de nós, é predestinação." Qual dos dois é o certo?

A Bíblia nos responde: são os dois. Há tanto a predestinação quanto o livre-arbítrio. [Leia Rm 9:6-33; Ef 1:4-6; Sl 23:3; Jo 15:16; Deut 30:15-20; Sl 119:30; I Tm 2:3-4; Jo 3:16-17; I Jo 2:1-2; Jo 1:29, etc.]

Explícito é que Deus sabe de tudo, inclusive do futuro. Se Deus viu anteriormente algo que vai acontecer, é porque vai acontecer, se não, Deus estaria enganado, não sendo perfeito, errando e não sendo omnisciente. Mas Deus é perfeito, não erra e é omnisciente. Se a coisa vista não tem outra alternativa senão acontecer, então ela está predestinada, determinada, a acontecer. E Deus viu tudo desde a eternidade. Deus sabe de quem vai para o céu e de quem vai para o inferno, tanto quanto de tudo o que vai acontecer na eternidade, estas pessoas estão, logo, predestinadas, umas para o céu e outras para o inferno.

Por outro lado, é igualmente notório que Deus quer que todos se salvem. Ora, Deus criar uma pessoa, sabendo que ela vai para o inferno e querer que todos se salvem não é contraditório? Sim, mas uma contradição aparente, porque Deus é a verdade e n'Ele não há contradição. Uma informação faltante pode explicar claramente coisas com aparência de contradição, e cada cristão verdadeiro tem em si o testemunho de que a Bíblia é a verdade., de que Cristo é a verdade absoluta. Parece-me, quando Deus mostra a sua soberania e o seu amor para com os homens, da maneira como está, Ele expõe com clareza perante nossos olhos que Ele é Deus, nós somos limitados, Ele é quem sabe de tudo, a nossa razão tem limites. Deus revela o que quer a quem quer e não nos revelou, porque não quis, a informação resolvedora destas coisas, de modo que a nossa postura deve ser a de humildade perante ao fato de não podermos conciliar racionalmente duas coisas verdadeiras: a predestinação e o livre-arbítrio. Devemos aceitar. Adão e Eva não conheciam o bem e o mal, desobedeceram a Deus e caíram; nós não enxergamos além desse limite. Não aceitar a doutrina bíblica seria semelhante a cair no erro de Adão e Eva. Temos que admitir, quanto a continuidade desta questão, "não sabemos".

Ora, temendo ter fugido do assunto central do comentário, há outras coisas que temos de aceitar simplesmente, porque são verdadeiras, cujo entendimento racional, pela nossa quantidade de razão, é impossível. Veja:

  1. A Trindade: Yaweh é Deus, Jesus é Deus, o Espírito Santo é Deus. São três pessoas diferentes, mas todas perfeitas. São três pessoas, mas não é politeísmo. São três pessoas, são um Deus só, o Deus único e verdadeiro.
  2. Deus sempre é: nunca foi criado, não tem princípio nem fim, contudo não é a força abstrata na qual alguns crêem. É um Deus que age e interfere na vida na terra.
  3. Na eternidade há ação, mas não há tempo.
Por conclusão, digo a todos vocês, leitores, sejamos sempre humildes tanto perante ao que conhecemos de Deus quanto ao que não conhecemos. Se Deus é infinito e imensurável, como o é, nunca conheceremos 1% de toda a sua plenitude, mas podemos conhecer o bastante para gastar toda a eternidade estudando. Logo, não vamos concluir precipitadamente sobre qualquer assunto, principalmente acerca dos quais nada, por ora, ou para sempre, podemos saber. Há três tipos de coisas: as que neste mundo podemos conhecer; as que só saberemos no céu e as que nunca poderemos saber, porque só Deus sabe tudo.

Jesus é a verdade absoluta


PS: Na postagem anterior, no último parágrafo, excetuando o "PS", eu coloquei a expressão "nos gerou de novo", não me dando conta de que ela não estava no prefácio, mas no versículo 3. Entretanto o novo nascimento está sim presente no prefácio, quando se fala da "Eleição", da "santificação", da "obediência" e da "aspersão"

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